Anvisa proíbe mefedrona; substância é similar ao ecstasy
A Anvisa acaba de proibir no Brasil a mefedrona, um estimulante sintético que é usado na criação do que popularmente ficou conhecido como “drogas disfarçadas”.
Com algum conhecimento de química e os ingredientes certos, é possível criar drogas artificiais com os mesmos efeitos da maconha, da cocaína e de outros entorpecentes ilícitos. E com um diferencial: muitos deles podem ser vendidos legalmente aproveitando brechas na legislação.
Droga artificial simula efeito de cocaína e é vendida ‘disfarçada’
Essas drogas vêm disfarçadas como inofensivos incensos (maconha artificial), sais de banho (cocaína ou ecstasy) e até desinfetantes.
“Muito se fala dos efeitos alucinógenos dessas drogas, mas isso é o de menos. Elas têm consequências muito piores, podendo provocar até um ataque cardíaco fulminante”, afirma Rafael Lanaro, do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital de Clínicas da Unicamp.
Editoria de arte/folhapress
MAIS RISCOS
Algumas podem ser ainda mais devastadoras do que as drogas “tradicionais”. Entre os efeitos da mefedrona estão palpitação, insônia, ansiedade, paranoia e danos ao sistema nervoso central.
Embora a maioria traga no rótulo a advertência de que o consumo é inadequado para humanos, basta uma visita aos sites das principais marcas para ver que se trata apenas de mais um disfarce.
“Para um químico orgânico, por exemplo, é muito fácil fazer essas combinações em laboratório”, diz Lanaro. “A mefedrona usa como base a efedrina, um medicamento comum. A partir da efedrina é possível fazer várias reações. É como um brinquedinho. O sujeito vai colocando uma cadeia de carbono aqui, um átomo de flúor ali… E vão sendo criados entorpecentes novos.”
Além disso, a substância também está presente em alguns fertilizantes, o que facilita ainda mais o acesso a ela.
Conhecida como cocaína ou ecstasy artificial, a mefedrona costuma ser vendida –especialmente pela internet, mas também em algumas lojas– rotulada como sais de banho. A “marca” mais conhecida é a Meow Meow.
No Brasil, é possível comprar o produto pela internet, traduzido como Miau Miau.
RECEPTORES
As drogas agem no cérebro com um efeito de chave e fechadura. Cada substância funciona como uma chave, que, ao se ligar a um receptor, “abre” a fechadura e provoca determinados efeitos.
O que muitas drogas artificiais fazem é criar outras chaves para abrir as fechaduras que causam os efeitos das drogas comuns.
É esse o caso dos canabinoides sintéticos, que se ligam aos mesmos receptores ativados pelo THC (princípio ativo da maconha).
O mais comum é o JWH-018, já banido em vários Estados dos EUA, em países da Europa e, recentemente, no Brasil. Estudos indicaram que eles podem ter afinidade até cinco vezes maior com os receptores do que o THC.
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